Indicação Cirúrgica de Nódulos de Tireoide

Como nos referimos anteriormente, a grande maioria dos nódulos de tireoide são benignos e não vão precisar de qualquer intervenção. Entretanto, devem passar por uma avaliação criteriosa e experiente para não se perder a oportunidade de tratamento adequado quando necessário.

A cirurgia estaria indicada em três situações. A primeira e a mais importante, quando a suspeita de câncer for bem estabelecida. A segunda, quando os nódulos, mesmo que benignos, crescerem a ponto de comprimir as estruturas adjacentes a glândula como a traqueia e o esôfago, prejudicando, assim, a respiração e a deglutição. Nesse caso, ainda, poderia haver um prejuízo estético ficando evidente como caroços no pescoço bastante desconfortáveis. Por último, quando esses nódulos são autônomos e produzem um excesso de hormônio tireoidiano e vêm a causar hipertireoidismo.

O risco de câncer fica estabelecido pelo exame clínico do paciente, pelas características ultrassonográficas e pelo resultado da PAAF (Punção do Nódulo), já comentados anteriormente. Clinicamente, os nódulos palpáveis, endurecidos e aderidos, difíceis de deslocar são muito suspeitos. A presença de linfonodos (caroços) no pescoço do mesmo lado em que o nódulo está aumenta a suspeição. Não obstante, o ideal é que o diagnóstico aconteça antes que estes sinais apareçam pois o prognóstico é muito melhor.

A ultrassonografia quando bem realizada e interpretada é fundamental para uma tomada de decisão. Hoje, a Sociedade de Radiologia padronizou os resultados conforme as características dos nódulos e classificou os resultados estratificando os riscos. Essa é a classificação TIRADS (Ver Quadro no Final). Contudo, o exame depende muito do operador, isto é, de quem está fazendo o exame e de como interpreta o que está vendo.

Assim, tendo indicação pelo exame clínico e pelo exame ultrassonográfico, é feita a punção do nódulo (PAAF). A classificação chamada de Bethesda vai de I a VI (Ver Quadro no Final).

Uma limitação deste exame fica evidente com o resultado Bethesda I, Amostra não Diagnóstica. Significa que o material obtido pela punção não tem células suficientes para que análise citológica. Infelizmente, cerca de 20% das punções o resultado é esse, Bethesda I. Nessas circunstâncias o médico clínico determinará a conduta baseado no exame clínico e ultrassonográfico.

O resultado Bethesda V e VI é indicativo de cirurgia, já o resultado III e o IV a conduta não está definida cabendo também ao médico endocrinologista decidir juntando todos os exames e as condições clínicas do paciente.

A cirurgia, nos casos indicados, quando é feita antes que a doença se espalhe é relativamente simples, nas mãos de um cirurgião com experiência. A conduta sempre é a de retirar toda a glândula mesmo estando o tumor limitado. Isto vai facilitar e trazer maior tranquilidade no acompanhamento posterior. As complicações existem, mas são raras e não costumam acontecer com bons profissionais.

O índice de cura quando a cirurgia é feita oportunamente chega a mais 99% dos casos de câncer de tireoide.

Após a cirurgia o acompanhamento clínico é relativamente simples e qualidade de vida excelente. Com a retirada da glândula será necessário repor o hormônio que a tireoide fabrica, ao longo da vida. Chamamos a isto Hipotireoidismo Pós Cirúrgico.

Portanto, depois de tudo que comentamos, a mensagem é muito clara: Você vai ficar bom e não vai passar por experiências ruins desde que esteja bem assistido por um endocrinologista e por cirurgião experiente.

Foto: br.freepik.com


As diferentes causas, o diagnóstico, as consequências do hipotireoidismo, que em resume diz respeito a falta de hormônio tireoidiano, fará parte dos nossos próximos artigos.

TIRADS

1 – Negativo (exame normal)

2 – Benigno

3 – Provavelmente benigno

4 – Suspeito para malignidade

5 – Fortemente suspeito para malignidade

CLASSIFICAÇÃO BETHESDA (Citologia de Tireoide)

I)     Amostra não diagnóstica

II)   Benigno

III)  atipias de significado indeterminado / Lesão folicular de significado indeterminado

IV)  suspeito de neoplasia folicular

V)    Suspeito de malignidade

VI)  Maligno

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